Nome?
Idade?
Meu nome na certidão de nascimento é Clodoaldo
Daufenbach, mas todos me conhecem por Daufen Bach. O pseudônimo foi adotado ha
mais de 14 anos e, desde então, minha
obra e livros publicados são assinados assim. Nasci no inverno de 73, estou com
40 anos.
Onde nasceu? Onde mora?
Nasci no interior do Estado do Paraná, num lugarzinho denominado
Romeópolis, no município de Ivaiporã. Hoje resido no extremo norte de Mato
Grosso, região já pertencente à Bacia Amazônica que faz limite com o Estado do
Pará. A cidade que resido, apesar do município ser maior, em extensão, que
alguns Estados brasileiros e países da Europa e Ásia, a densidade demográfica e
baixíssima. Somos pouco mais que 12 mil habitantes nesse universo verde
denominado Novo Mundo.
Esse lugar que escolhi para viver possui belezas naturais belíssimas que
recebe visitantes do mundo todo. Entre rios, que o leito some rumo ao
subterrâneo e outro rio, de água mineral comprovada cientificamente, e
cachoeiras abundantes, está o Parque Estadual Cristalino, maior reserva
ecológica da América Latina onde está, também, o maior observatório de aves da
América Latina... Moro nesse lugarzinho de fauna e flora abundante.
Abaixo deixo um vídeo que mostra um pouco desse lugar:
Estado civil? Filhos?
Sim, sou casado e como sou pai coruja, digo sempre que tenho filhos
belíssimos!
Daufen, é verdade que nasceu numa casa com piso de barro?
Sim, é verdade. Num dos poemas, ainda inédito, escrevi:
(...)cresci na casinha do vale, logo
ali no pé da serra,
com borboletas mil,
brancas e amarelas
que, vez ou outra, sentavam em meu
ombro enquanto mãe,
com os pés na água batia roupa na
pedra.
cresci na casinha que
encerra,
no piso rebocado da
cozinha
ou na lamparina de
querosene acesa no quarto em
que eu dormia...(...)
Sou de origem humilde, mas não pobre, porque pobre é o “cão”. Quando
nasci meus pais eram recém-casados, filhos de família de pequenos agricultores
e trabalhavam também na agricultura. Era
tudo muito simples, mas um verdadeiro lar... Talvez esses versos possam dizer
um pouco mais:
(...)cresci brincando no terreiro,
ao som de riacho,
cresci olhando a lua pelas frestas
da casinha simples,
da casinha de fogão de barro de paredes
com panelas dependuradas...
a lua passeava nos cantos de minha
casa,
e refletia no alumínio lustroso,
asseado de minha mãe...(...)
Você tinha irmãos?
Sou o mais velho de uma família de 6 irmãos, 2 homens e quatro mulheres.
Hoje são todos adultos, casados, cada qual segue sua vida com a mesma humildade
com que foram criados. Cada qual tem sua profissão, família e filhos. Uma
verdadeira miscelânea, meu pai sempre diz que não sabe como e quando cada um
seguiu e escolheu e escolheu sua profissão... rs. Eu, que sempre quis abraçar o
mundo, aprendi um pouco de tudo, os outros dividem-se entre Chefes de Cozinha,
protéticos, fazendeiros, engenheiro florestal, professores...
Tem gente que costuma usar suas origens de uma vida sem regalias, para
culpar suas atitudes erradas quando agem de má fé. Mas é comprovado que uma
vida de privações financeiras não é motivo para que pessoas tenham má índole.
Como foi sua infância?
Atitudes erradas e má fé não são e nunca foram consequência de uma vida
privada de regalias, se assim fosse, eram todos marginais aqui em casa. Se
fosse assim, os ricos e a classe média, teriam lugar garantido no céu...rs.
Minha infância, financeiramente, foi igual a de qualquer menino humilde que
morou ou mora na roça, mas como em qualquer outra situação, o que importa e o
que define o que somos ou, ainda, o que vai ficar para a vida, para quem viveu
ou vive nessas condições, é a forma de ver esse mundo, o olhar que tem para
essas pequenas coisas. Do tempo de
criança, ficaram inúmeros detalhes, flashes incrustados na memória. Não sei porque ficaram, não sei o
quanto foram especiais, mas insistem em cativar lugar nas minhas reminiscências
... Além do que eu disse nos versos da questão anterior, lembro do meu pai,
suado no cabo da enxada, e eu levando a marmita do almoço... lembro de uma
mudança de casa em que, por falta de dinheiro, fizemos a cavalo... eu fui
dentro do balaio de cargueiro que as mulas levavam no lombo... As brincadeiras
eram com cavalos de pau, carrinhos feitos com latas de óleo e rodinhas feitas
com solados de chinelo. Eram pomares, riachos, rios, cachoeiras e muitos
bichos. Adorava os cavalos e andava pelos pastos, buscando os pés de araticuns
carregados, os pés de guabiroba e as cerejeiras, carregadinhas de frutos
vermelhos, debruçadas sobre as
corredeiras do rio Vorá.
Andava quatro quilômetros, a pé, para ir a escola, ia sozinho. Os pés de
menino, ora pisavam poeiras e pedras, ora o orvalho congelado das gramas dos
pastos que a geada dos invernos rigorosos castigavam. Adorava ler, aprendi a ler com os jornais
velhos que embrulhavam as compras que o pai fazia na pequena mercearia, nunca
teve dinheiro para comprar um livro... São tantos detalhes desse tempo que
daria livros inteiros... Minha infância confundiu-se com a adolescência, minha adolescência confundiu com minha
juventude e a minha juventude não sei quando virou maturidade... Creio que sou ainda
aquele menino que se embriagava com o cheiro dos jasmineiros e caetés do
terreiro da casa de minha avó, esse perfume ainda é latente, sinto-os...
“frutinhas de maria preta
quando era pequeno, ou melhor,
quando era criança,
(pequeno
ainda sou diante de toda essa grandeza que existe)
mas, quando eu era criança
eu levava almoço para o pai na roça,
todo dia as 11:30,
ia
catando frutinhas de maria preta
pela
estrada,
ia balançando a marmita
naquela pressa de menino.
por muitas vezes eu perdi os talheres,
chegava sem jeito,
sem graça e pai nem perguntava,
só dizia, “perdeu o garfo de novo...”
eu balançava a cabeça em aprovação,
meu pai, então, improvisava colheres,
com pedaços de madeira,
eu ficava acabrunhado, de cabeça
baixa.
na volta, parava no rio,
preocupação maior era subir a ladeira,
mas eu subia,
eu tinha tempo para ir
catando frutinhas de maria preta.
meus pés de menino eram pacientes”.
E sua adolescência...como foi?
Como eu disse anteriormente, minha adolescência se confundiu com a
infância e a juventude. Seguramente posso falar do período, pois as atitudes, às
vezes, ainda se repetem...risos.
Eu comecei trabalhar na roça muito cedo, aos nove anos apareceram os
primeiros calos na mão, não tive tempo de ser vagabundo (agradeço a meu pai por
isso). Não comecei antes porque aos sete anos tive uma doença grave e era para
ter a perna direita amputada, mas meu pai, com todo seu amor de pai vendeu tudo
que tinha e entre orações, fé e trabalho, me deu o direito de, literalmente,
ter as pernas. Trabalhei pesado a minha adolescência toda e aprendi a ter
responsabilidades muito cedo. Meu tempo era dividido entre trabalho e escola.
Meu lazer eram os livros, lia-os com gula nas noites, muitas vezes ouvindo
ralhos por a luz ainda estar acesa, então apagava a luz, nessa época já com
energia elétrica, e acendia uma vela na cabeceira da cama... Dormia sobre os
livros.
Era muito tímido, introvertido, meu universo particular era tão
diferente daquilo que eu vivia. Sempre sonhos, muitos sonhos descritos nos
versos e textos que escrevia. As meninas da minha idade, achava-as tão tolas,
tão crianças...rs. A primeira namorada, por exemplo, era cinco anos mais velha
que eu. Sempre tinha a impressão de ter nascido no tempo errado, que estava
fora de contexto. Em tudo era diferente dos outros. Não gostava de festas e
bailes, lia sempre, escrevia, estudava (ainda estudo), a fisionomia diferente,
os cabelos, sempre longos, eram motivos de preconceito naquele lugarzinho interiorano
e querido, não gostava das músicas que os meninos da minha idade gostavam...
Nos domingos quando se reuniam para jogar bola e paquerar, eu pegava meu cavalo
e ia para o rio. No lombo do cavalo, em pêlo, aventurava nos poços mais
profundos. O cavalo resfolegava nadando e agarrado a crina eu nadava junto.
Enfim, como eu já disse, vivia meu universo particular. A falta de recursos
financeiros nunca limitaram o adolescente Daufen Bach. Amadureci ainda criança,
mas nessas quatro décadas, preservei o espírito infantil e a impetuosidade do
adolescente. De vez em quando, a brincar com meus filhos, ainda ouço a famosa
frase: “Tu parece que não teve infância?!”
“lembranças de um menino magrelo”
quando
eu era ainda puberdade,
era
moleque tímido,
moleque
punheteiro.
as
meninas mais belas, mais ousadas,
sempre
estavam muito além,
eram
divas,
princesas,
deusas
bailantes que nos meus sonhos rasgavam as saias...
virgens
a provocar....
arquitetava
eu,
feito
Haroldo de Campos,
versos
do nada,
era
invernada erma,
sofria
aragens, sol escaldante
mas
tinha viço e formosa visões eróticas,
bestagens
de menino a vislumbrar sonhos impossíveis...(...)
Você tem o dom de escrever desde a infância. Com que idade escreveu seu
primeiro livro?
Eu não me recordo quando comecei a escrever, em todo o período da vida
que tenho recordações claras, sempre esteve ao meu lado um lápis, uma caneta e
um pedaço de papel, tudo que me cerca, de alguma forma, virou texto ou versos.
Mas essa coisa de livros, propriamente
ditos, é muito nova, comecei a organizar em 2008, antes não tinha a pretensão
de ser escritor, nem me passava pela cabeça a ideia de publicar alguma coisa,
sempre escrevi pelo prazer de escrever e para dar vida e vazão aos demônios e
anjos que existem em mim e vivem cutucando meu consciente e inconsciente,
escrever é meu ópio, minha catarse.
Em 2008, por influência de uma pessoa muito querida, eu comecei a
revirar os baús, os cadernos antigos, as folhas amassadas, as anotações já
amareladas e descobri que a pilha de papel que eu carregava era maior que
imaginava. Então comecei a organizá-los por temas, por poesias afins e a
digitar todos, pois, até então, tudo estava escrito a mão... Ainda hoje não
consigo escrever diretamente no computador, todos os escritos conhecem,
primeiramente, a tinta da caneta e o papel...
Quantos livros escritos até agora?
São inúmeros os livros escritos, organizados tenho mais de 20, mas
existem rascunhos que esperam para ser digitados. Quando me sobra um pouco de
tempo e estou com tesão para escrita, aproveito para ir digitando e salvando.
Como tenho a mania de escrever todos os dias, sempre vai ficando algo nos
cadernos ou guardanapos de botecos, folhas avulsas... Nessas andanças muitas
coisas se perdeu, ficaram para trás, na medida do possível vou guardando-os.
E publicados?
Publiquei apenas dois livros e, desses dois, apenas um pode ser
encontrado em livrarias virtuais, o outro não está mais disponível, retirei de
circulação e estou reeditando para uma segunda edição. Mas inúmeros textos
estão espalhados por esse mundo virtual, em diferentes continentes, países e
línguas. Outros impressos em revistas literárias nacionais e internacionais, em
antologias que participei. Até pouco tempo eu tinha um blog onde estavam
publicados outros tantos textos, mas devido a falta de tempo para atualizações
e problemas com plágios, deixei off na rede. Alguns estão em áudio, vou deixar
aqui o link de um deles:
É difícil pra um escritor publicar suas obras? O custo é alto?
Não, nos dias de hoje é facílimo! Como diria o ex-presidente Lula: “
Nunca na história desse país” foi tão fácil para o autor divulgar ou publicar
seus textos, livros e até coletâneas inteiras. A facilidade que o mundo virtual
propicia para os autores, através de editoras on line, é incrível, mas essa
facilidade tem um custo, afinal ninguém dá nada de graça ou entra no mercado
para perder, todos querem faturar e faturar alto.
Essa facilidade custa caro para o autor. Embora o recurso não saia,
diretamente, do bolso, as editoras lucram quando cobram preços exorbitantes
para imprimir a obra e vender para o consumidor. O autor publica e não ganha
quase nada, o consumidor paga um preço alto e a editora, que não pagou por aquela
obra, que ganhou a matéria prima (o livro), fica com os possíveis lucros. É um
contrato injusto que explora a ansiedade do autor em ser publicado.
É fácil publicar? É sim!
O custo é alto? Num primeiro olhar não, mas depois quando o autor não vê
resultados de seu trabalho, irá perceber que doou a sua obra!
É preciso, sobretudo, saber gerenciar a sua produção artística. Esse
assunto é amplo e merece discussão, mas
como iria me alongar demais falando sobre isso, deixo aqui dois links de textos
que escrevi, para quem interessar e tiver curiosidade sobre o assunto:
1)Publicar um livro? Onde? Como? O que o autor precisa saber?
2)Publicando um livro de forma independente
Muitos consideram a literatura privilégio das pessoas cultas e com isso
faz do livro um artigo de luxo. Ainda há resistência do brasileiro em
praticar a leitura?
Essa resistência está se quebrando. Pesquisas apontam que no próximo ano
os brasileiros irão gastar mais de 40 milhões com compras de livros. São
valores expressivos para um mercado que cresce a cada ano. O que é difícil é o
acesso ao livro, se consideramos o valor do salário mínimo e os valores dos
livros, ele continua sim sendo um artigo de luxo. O brasileiro lê, o que ele
não tem é dinheiro, recursos para comprar bons livros, existem outras
necessidades básicas que precisam ser sanadas e comprometem o seu orçamento.
A leitura deveria ser um hábito porque só assim o povo teria uma visão
mais ampla da vida. Em sua opinião falta incentiva à leitura.
Você conhece, mais profundamente, uma pessoa pelos livros que ela lê. A
leitura é espelho e reflexo daquilo que sentimos, fazemos ou queremos.
Como disse anteriormente, existe o interesse pelos livros e pela
leitura, se o processo não acontece é porque faltam incentivos, principalmente
do Ministério da Cultura e do Ministério da Educação, que propiciem ao leitor o
acesso ao livro por um custo mais baixo e, também, propiciem ao autor a
publicação de livros através de projetos que promovam essa interação entre
autor e leitor. Os entraves burocráticos, as dificuldades de se publicar um
livro com recursos públicos é imensa,
captar recursos e prestar contas desses recursos, exigem do autor conhecimentos
que nem sempre detém. Outro estrangulamento promovido pela atual politica de
publicação, é a priorização de autores já consagrados em detrimento do autor
que está se iniciando. Paulo Coelho, por exemplo, conseguiria milhões do
governo para publicar, Daufen Bach, jamais conseguiria! Assim é com Joãos,
Marias, Anas, Pedros...etc. A visualização midiática fala mais alto e o ler e o
publicar são tratados como questão comercial... A literatura é gerida, tanto no
setor público e privado, sob uma ótica capitalista, uma ótica de comércio, quem
vende tem espaço, quem não vende ou é novato, esses ficam excluídos.
Creio que falta investimento na educação, porque vemos nas redes sociais
que o brasileiro escreve errado demais. A educação esta deteriorada?
A educação pública no Brasil nunca foi prioridade, sempre viveu em busca
de números que possam representar melhor o Brasil internacionalmente. O Ideb (Índice
de Desenvolvimento da Educação Básica) é uma piada, os números até aumentam,
mas o aprendizado não! Nós nunca tivemos um sistema educacional genuíno, sempre
importamos cópias de modelos educacionais que deram certo em outros países que
possuem realidade e cultura diferente da nossa. Ignora-se até os pensadores da
educação brasileira, muito se fala em Paulo Freire, mas pouco se faz de Paulo
Freire... Vivemos modelos aquém das nossas realidades.
Nos últimos 10, 12 anos, em comparação com anos anteriores, a melhora foi até
significativa, mas essa melhora é apenas estrutural, temos escolas melhores,
temos estrutura logística melhor, temos melhores equipamentos, mas o
investimento primordial que deve ser feito, não foi feito! Os educadores que
são os agentes diretos para que aconteça essa melhoria de ensino, não vivem
realidade diferente dos professores do início do século XIX. Tudo mudou, mas
eles continuam lá na frente com um quadro negro e um giz não mão, recebendo um
ínfimo pagamento que os obriga a “fazer bicos” em outras profissões para aumentar
a renda doméstica.
Gastam se milhões para comprar notbooks, tablets, sistemas de
gerenciamento, mas o professor não consegue comprar sequer um smartphone com o
salário que recebe, sequer consegue pagar um curso de informática avançada para
aprimorar seu desenvolvimento em sala de aula. Quando consegue pagar o curso,
não tem tempo para fazê-lo, a falta de adicionais, de pagamento de horas
atividades, obriga-os a trabalhar em tempo integral e utilizar seus domingos e
feriados para elaborarem e corrigirem provas
e trabalhos.
Os objetivos contidos nos parâmetros curriculares nacionais para a
educação básica são muito bem escritos, bem elaborados e exprimem o que deveria
ser! Estão lá às metas que cada criança deveria alcançar dentro das respectivas
áreas de ensino, mas na verdade, nem dez por cento dos alunos atingem aquelas
metas e todos são aprovados da mesma forma. É preciso que os números sejam
positivos, o que vai acontecer depois é outra história! O governo finge que a
educação está mil maravilhas, os professores, com todas as suas limitações,
fingem que ensinam e o aluno, finge que aprendeu... fecha-se o livro, alimentam-se as planilhas e gráficos
e tudo fica como queriam que ficasse, as metas, todas, alcançadas!
Toda essa bagagem feita de metades e pouco aprendizado, vestidas de
máscaras de educação de qualidade,
ingressam no ensino superior. Nunca houve tanta oferta de ensino
superior no Brasil, mas também nunca houve tanta reprovação de universidades e
faculdades e aprovação de profissionais incapazes de exercer a função por falta
de conhecimento. Um exemplo claro disso aconteceu em 2012 no Estado de Mato
Grosso (cito MT, mas é uma realidade de todo o Brasil), na prova da Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB). Das dezenas de inscritos que fizeram a Universidade
e buscavam o registro para exercer a profissão, apenas um inscrito conseguiu
nota que o qualificasse para exercer a função. O que se tem de cursos de
graduação on –line, pós graduações e até mesmo mestrados e doutorados, não está
no gibi, mas a qualidade disso tudo é questionável!
Além de tudo isso, a educação brasileira, por inépcia em dar educação
de qualidade a todo o seu público,
independendo de classes, credos ou raças e influenciada pelas desigualdades
sociais e má distribuição de rendas, legitima o racismo e as classificação de
seus alunos como pertencentes a diferentes classes sociais, cria-se os
estereótipos. A política de cotas para negros, a política de cotas que está
para ser estabelecida para alunos de baixa renda, é o atestado maior de que a
educação no Brasil anda muito mal das pernas... Essa política assume a condição
de que não oferece ensino com igualdade a todos. Mas essa questão é muito
discutida, ela serve a interesses, os negros, em sua maioria, aceitam por essa
uma forma de ingresso no nível superior, os mais carentes também, pois de outra
forma não conseguiriam esse ingresso. Essas políticas são regulamentadas e
aceitas, explorando necessidade do povo e não avaliando qualidade de ensino,
mascarando assim a falta de investimentos e
o não atendimento da população em geral.
Enfim, é toda uma politica educacional defasada, onde precisa se rever
planos de carreiras dos profissionais de educação, que precisa rever modelos
educacionais, pois é inadmissível que alunos de realidades diferentes, num país
que possui um contexto cultural e social que se distingue de região para
região, seja tratados da mesma maneira, com uma mesma grade curricular. É
preciso que as leis sejam revistas, tanto aquelas que estão ligadas diretamente
a educação escolar, quanto àquelas que regem os direitos das crianças e
adolescentes... é preciso reconstruir, refazer todo um sistema. A educação
brasileira, hoje, está igual oficina de carro velho, não adianta colocar peças
novas em máquinas que não dão suporte. É preciso repensar, é preciso refazer em
outros moldes o fazer educacional.
Ultimamente o que temos visto na mídia são escolas com falta de
estrutura, sem segurança, classes superlotadas, drogas e violências colocando a
vida de alunos e professores em risco, e ainda por cima profissionais mal
remunerados. Isso quando não é o professor vítima dos próprios
alunos. Porque existe tanta negligência na educação?
Eu sou um apaixonado pelo Brasil, eu me emociono com o Hino Nacional,
com a bandeira nacional tremulando e muitas vezes já me chamaram de Policarpo
Quaresma, numa alusão ao romance de Lima Barreto, pela maneira ferrenha e
idealista com que defendo as coisas de meu país... Quando o assunto é educação
aí que eu fico indignado, entro para o debate e para as argumentações, pois sou
fruto dessa educação pública, sei o que faltou para mim e percebo o que falta
hoje nas instituições de ensino...
A educação, seja onde for, está vinculada diretamente a toda uma questão
social que o aluno está inserido, corrigir alguns pontos, é como ter o corpo coberto
de feridas e curar uma apenas... Precisa-se de todas essas reformulações que
citei na resposta anterior. A negligência é política, mas como corrigir se não
é de interesse político que a melhoria da educação seja uma realidade
incontestável? Um povo ignorante e pobre e muito mais fácil de ser
manipulado... Como eleger políticos compromissados se o povo é “mal educado” e não
sabe fazer suas escolhas, se não sabe pautá-las?! Acredito que a grande maioria
dos brasileiros não lembra o nome do deputado que votou na última eleição!
Rosseau afirmou que o “poder emana do povo e para o povo” e, essa frase
célebre, configura o 2º artigo da Constituição Brasileira. Enquanto nós,
brasileiros comprometidos com o bem estar de nossos cidadãos, não tivermos
plena consciência do que isso significa, essa paisagem social não se
modificará. Continuaremos nesse eterno reclamar e não ver soluções. É preciso
assumir essa responsabilidade! Elegemos corruptos e crápulas que sugam as
verbas públicas e nos abstemos! O
problema é lá, não é meu! Claro que o problema é meu! Eu ajudei a montar esse
cenário, é minha responsabilidade desmontá-lo! Ser oposição e reclamar aos
quatro ventos é fácil, mas se não tomarmos nenhuma atitude, não muda nada!
Muito se vê campanhas para votos nulos na internet, num primeiro olhar
parece válido, mas se acontecer de fato, o que isso muda? Teremos que eleger
outros que, também,
se não tivermos uma opinião política formada e um conhecimento mais
profundo de causa para elegê-los, farão as mesmas coisas... essa negligência é
resultado de toda uma conjuntura social.
Eu acredito que escola exista para ensinar e formar profissionais.
Quanto ao quesito educação, na verdade cabe aos pais educar seus filhos, afinal
educação é coisa que vem de berço. Há quanto tempo atua como educador?
Um senhor muito simples me disse certa vez: “Os pais educam, a escola
ensina e a polícia pune!” Ele tem razão!
Educação de berço.... A família hoje, infelizmente, parece ser uma
instituição falida. Os conceitos e valores que instituíam os modelos a serem
seguidos, passaram a ser questionados. Há uma influência midiática, que
prioriza o comércio, que instiga a realização dos desejos e promove uma
liberdade que a sociedade não está preparada para assimilar. Gritam liberdade,
mas esquecem que liberdade envolve responsabilidade, que toda liberdade sem
consciência do seu conceito, implica em
libertinagem e anula-se.
A velocidade com que se transformou a sociedade e a dinâmica desse
processo enveredou-nos em um rumo que, confesso, tenho medo das gerações
futuras, eles não estão preparados para assimilar isso tudo e por
desconhecimento, aceitam e tudo entra no rol da normalidade, a explicação é
sempre a mesma: “os tempos mudaram”. Os tempos estão mudando desde que o mundo
é mundo, mas nem por isso pais deixaram de serem pais e filhos deixaram de serem
filhos, não importa o que aconteça ou quais serão as opções dos filhos, sejam
elas religiosas, sexuais ou profissionais, filhos sempre serão filhos e isso
implica aos pais, a quem os gerou, a responsabilidade de educá-los e guiá-los,
esquecer isso é transformar-se no mais primitivo dos animais e renegar a
humanidade que existe em nós.
Educador... educar é uma palavra que originou etimologicamente de
“educere”, um conceito amplo que pode ser entendido, como “eduzir”, ou seja
conduzir de “dentro para fora”. Nesse processo a pedagogia, originária de
“paidós”, que significa criança e “agogé”, que significa condução, fundamentada teoricamente nas ciências sociais me coloca
como um guia do A(sem) Luno(luz). Essa visão da educação as vezes confunde e é
comum os professores serem vistos como responsáveis pela educação integral das
crianças. É comum os pais chegarem nas escolas e dizerem: “Toma conta que eu já
não sei mais o que fazer”.
Eu sou educador, há 15 anos, mas desde os 14 anos atuei como liderança
de jovens rurais, representante em sindicato de categorias e ministrei cursos
para pequenos agricultores e jovens...
Vamos falar sobre sua arte, porque em
relação a educação brasileira só nos resta ter esperanças de que haja
consciência politica para melhora-la.
Suas obras são somente de poemas?
A maioria da minha obra, já organizada, é poesia e prosa poética, os
livros já prontos, são todos de poesias, mas também escrevo romances, contos,
artigos... Estou escrevendo, de forma concomitante, três romances. O primeiro um romance
regionalista, baseado em fatos reais ocorridos durante o período dos grandes
garimpos no extremo norte de Mato Grosso; o segundo é um romance urbano, todo
fictício e um terceiro livro, onde me aventuro, inspirado em Borges, na
literatura fantástica. Além desses livros, sempre estou escrevendo contos,
outras poesias e literatura infantil.
Você tem projeto de uma coletânea infantil. Já está em andamento?
Sim, tenho esse projeto, está em andamento e os conteúdos dos primeiros
volumes estão prontos. Como é uma serie de livros em sequência, só será
publicada quando todos estiverem terminados.
Por ser uma obra de cunho filosófico aplicado ao universo infantil,
exige muito cuidado, pois escrever para criança é umas das tarefas mais
difíceis, repassar valores e conceitos de forma subliminar exige
responsabilidade. Estou adorando fazer, mas como todos meus escritos, eles não
têm data para término, então um dia a coletânea estará pronta... rs.
O livro Breves encenações, sobressaltos foi escrito em menos de 30 dias.
Como conseguiu?
Eu sempre fui um leitor compulsivo e, também, um escritor compulsivo,
mas essa compulsão tem fases. Já fiquei quatro anos escrevendo todos os dias e
não conseguia dormir se não escrevesse algo, isso chegou a me comprometer meu
trabalho e criar problemas em casa também... escrevia e escrevia a ponto de
deixar de lado minhas obrigações. Por outro lado, também já fiquei 2 anos sem
escrever uma linha, um verso sequer, olhando tudo que escrevi e achando uma tremenda
porcaria!
Breves encenações, sobressaltos, fechou um desses ciclos em que era
imperativo escrever. De repente o livro surgiu inteiro e as mãos não conseguiam
acompanhar o pensamento, trabalhava durante o dia e ficava a noite,
praticamente toda, escrevendo, saía com o caderno e a caneta nas mãos e entre
um intervalo e outro, estava dando vazão aquela enxurrada de ideias... Quando
terminei, não sabia que tinha terminado, apenas esgotou tudo e, fiquei dois
anos depois, sem escrever nada. Um dia surgiu uma proposta e o publiquei no
início 2012. Até hoje eu não o vi publicado, não solicitei exemplares da
editora e não peguei a cópia física do livro em minhas mãos. De fato foi breve,
um sobressalto...
A sinopse, o prefácio e alguns poemas presentes no livro, podem ser
lidos nesse link:
O livro Tessituras (do intervalo entre o grito e o silêncio) é um livro
de múltiplas facetas. Fale sobre ele...
Quando comecei a organizar meus escritos e publicá-los no meio virtual,
as pessoas que passaram a me acompanhar, lendo as minhas publicações, sempre
diziam que era impossível me reconhecer pelos versos. Ora os versos eram carregados
de lirismo, ora tinha uma carga metafísica de questionamentos totalmente
diferente, ainda, em outros versos inundava-se no contexto social e, muitos
outros, vicejavam uma sensualidade latente...
Eu não quis adotar pseudônimos diferentes para cada temática, preferi assumir
essa “metamorfose ambulante” e minha dualidade, bem como os complexos de autor, mas os organizei de uma
forma em que os versos que possuíam certa afinidade, ficassem num mesmo livro.
Coube ao “Tessituras” guardar meus questionamentos, minhas dúvidas, minhas
resposta e toda a dualidade perante os sentimentos, as causas sociais, as
crises existenciais e a leitura de mundo.
Junto com outros três livros, também inéditos, é um dos que eu mais
gosto. Existem textos escritos no ano que foi lançado, como também existem
textos escritos a mais de 18 anos... esse livro perpassa, tanto períodos
fáceis, como também, períodos muito difíceis em minha vida...
Embora não esteja mais a disposição nas livrarias (estou reeditando para
uma segunda edição), se alguém quiser ler a sinopse ou o prefácio, bem como
alguns poemas contidos nele é só clicar nesse link:
Você tem textos publicados no exterior. São sobre que temas?
Os meus textos publicados no exterior, são todos poesias e prosas
poéticas. Alguns foram publicados em antologias impressas na América do Sul.
Outros foram publicados em revistas literárias impressas em Paris, na França;
em Pádova na Itália, em Lisboa em Portugal eem Barcelona na Espanha. Em sítios
on line, estão publicados em um grande
número de países, nos diferentes continentes.
É Consul dos Poetas del Mundo desde quando?
Sou Cônsul dos Poetas del Mundo, desde fevereiro de 2006. Tive o
privilégio de ser convidado pela querida poeta e escritora, que representa o
Brasil na Associação, Delasnieve Daspet e aceitei com muita honra.
Quais seus escritores preferidos?
É impossível relacioná-los! Sou um rato de biblioteca e leio todos os
gêneros literários.
Existem os poetas brasileiros como Ferreira Gullar, Manoel de Barros,
Vinícius de Moraes, Drummond, Leminsk, Haroldo de Campos, Hilda Hilst, Bilac, enfim,
inúmeros que não me atrevo coloca-los numa ordem de importância. Os
romancistas, Guilherme Dicke, Guimaraes Rosa, Jorge Amado, Mario Palmério... Há
também os escritores sul americanos como Borges, Mario Benedetti, Pablo
Nerruda, os clássicos da literatura universal como Tolstói, Milan Kundera,
Fiódor, Niestzche... os incomparáveis
Fernando Pessoa e Saramago... impossível listá-los! Eu amo a boa
literatura!
De todos os livros que leu, tem algum que marcou de maneira especial?
Muitos livros me marcaram, mas existem alguns que não me canso de reler.
São eles: O livro do desassossego de Fernando Pessoa, assinado pelo seu
heteronômio Bernardo Soares; Chapadão do Bugre de Mario Palmério; O mundo de
Sophia de Jostein Gaarder ; As obras completas de Jorge Luis Borges; Manoel de
Barros e Leminsk... existe um infinidade de autores que, se tivesse tempo,
relia-os todos!
Inclusive seus poemas foram traduzidos em vários idiomas?
Eu não sou poligrota, me debato com o português e arranho o espanhol,
leio com dificuldade o italiano e o inglês, mas nessa caminhada literária,
encontrei e fiz muitos amigos, também escritores, e tive o privilégio de ser
traduzido por grandes nomes da literatura contemporânea em diferentes países.
A poeta Violeta Boncheva, nascida da cidade de Stara Zagora, na
Bulgária, traduziu alguns de meus poemas para o búlgaro; um dos maiores poetas
franceses da atualidade, nascido em Haskovo, Bulgária mas radicado em Paris, Athanase Vantchev de
Tracy, traduziu outros poemas para o francês; Rosaria Ferracane Asta, poeta
italiana, nascida num campo de concentração, durante a Segunda Guerra, em
Cremona, na Itália, traduziu alguns versos meus para o italiano; Francesco
Mama, da cidade de Pádova e dono da Revista Literária Inverso, traduziu alguns
versos para o espanhol e para o italiano; Pere Bessó, traduziu para o
Catalão...enfim, vários amigos, também escritores, da América Latina fizeram
traduções para o castelhano e espanhol, outros para o inglês... esse leque de
amigos, levaram minha poesia para diferentes países.
Conte sobre essa associação e sua importância literária?
Poetas del Mundo é uma Associação com sede em Santiago, no Chile, e
consiste num movimento internacional de poetas que colocam sua arte a serviço
da humanidade. Não está ligada a nenhuma instituição ou governo, trabalha de
forma independente. O Secretário Geral e fundador da Associação é o poeta
chileno, Luiz Arias Manzo e o Presidente Mundial é o poeta francês Athanase
Vantchev de Tracy.
Para mim a principal importância desse movimento, é unir poetas do
mundo, de estabelecer um vínculo com autores, que mesmo falando idiomas
diferentes, se entendem através da linguagem universal da poesia e se
comprometem em trabalhar para o bem estar da humanidade.
O primeiro parágrafo do Manifesto diz o seguinte: “Poetas do Mundo, chegou o momento em que devemos unir as forças para
defender a continuidade da vida: somos os guerreiros da paz e os mensageiros de
uma nova etapa na humanidade. Somos os poetas da luz, e a luz é o veículo que
nos conduz à convocação que, por nenhum motivo, devemos deixar de aceitar.
Vivemos atualmente o processo de morte de uma etapa degenerada e o nascimento
de uma nova era onde o poeta tem um papel determinante”.
O manifesto é
longo, mas deixo aqui o link do site para quem quiser ler e conhecer um pouco
mais sobre essa Associação:
Você possui uma revista online. Fale sobre o conteúdo dela...
Sim, eu tenho uma revista online intitulada Revista Biografia. O
conteúdo da Revista Biografia é voltado para a arte em geral. Estão presentes
nas publicações de autores de mais de 60 países, desde poetas, escritores,
artesãos, pintores... todos os segmentos das artes plásticas e gráficas e estão
nos registros de visitação, pessoas de mais de 120 países. Também são
publicados eventos culturais, concursos, informações relativas a produção
cultural e uma infinidade de artigos.
Criada em 2010, a revista caminhou, nos dois primeiros anos, buscando
espaço e no final de 2012 e início de 2013, a Revista deu um salto e recebemos
no último mês, por exemplo, mais de 100 mil visitas.
São mais de 1050 seguidores no google friend conect e página do face,
criada recentemente, já conta com inúmeros seguidores e mais de 10 mil
seguidores em sua new lester. Conseguimos reunir num mesmo espaço e colocar
numa mesma mesa, um grande número de agentes do “fazer artístico”, artistas
renomados e iniciantes se confraternizam sem barreiras de credos, raças,
gênero, Línguas ou posição social.
Deixo aqui o link de uma página que responde as principais questões que
recebo via e-mail, sobre a Revista. Quem quiser saber um pouco mais ou, quem
quiser participar, seja como autor ou colaborador, é só clicar:
Existe a possibilidade dela se tornar uma revista impressa? Há projetos
novos em estudo?
Existe sim essa possibilidade, inclusive este ano ainda, a Revista
receberá um site novo, mais profissional, todos os registros que permitirão que
seja impressa e a veiculação a uma editora, com cadastro nacional de pessoa
jurídica. Claro que tudo isso envolve
custos e a Revista Biografia, nunca teve cunho comercial, todo trabalho
realizado hoje, é gratuito, não temos patrocínios, não temos parcerias
financeiras e o trabalho é feito em momentos alternativos. Tanto eu como a
outra administradora, temos nossos empregos e obrigações para cumprir. A
Revista caminha através de grande esforço e perseverança, aliados ao amor pela
arte. Imprimi-la vai depender de
aprovação de projetos e parcerias com empresas e instituições que queiram divulgar
a arte.
Além de escritor e educador, exerce outra profissão?
Na década de 90 escrevi esses versos no início de um poema:
“..eu antes tinha oficio
de ser menino,
depois, entre agruras,
cresci,
fui ser peão,
fui ser roceiro,
fui ser servente,
fui ser pedreiro,
fui ser carregador de
caminhão.
depois colocaram em
minhas mão uma caneta,
fui ser aluno...
sem muito saber ...fui
ser professor,
aprendi a debater-me com
a vida...(...)
Depois disso muitas coisas aconteceram, eu sou um curioso e um autodidata.
Além da escrita e da função de educador, também sou técnico agropecuário (não
exerço), diagramador, editor, designer gráfico e jornalista. Ultimamente,
encantado pela lógica da computação, estou aprendendo a ser webdesigner e
montando e desmontando computadores. Os meus dias são sempre muito curtos.
Você é um homem muito envolvido com a área cultural em geral, mas também
em causas socioambientais e politicas. Na sua opinião qual a melhor solução
para o Brasil se tornar um país digno pra futuras gerações?
Eu creio piamente que toda transformação social, política, econômica ou
cultural, está intimamente ligada a educação. É impossível uma nova tomada de
atitudes, o comprometimento através de uma nova postura, se não houver
entendimento de causas e efeitos e, esse entendimento, só é possível com
conhecimento.
O Brasil é um gigante jovem e rico que, quando não está com os olhos
vendados, está com a perna quebrada ou com os braços presos a tipoias. Quando
tudo está certinho, pronto para andar e trabalhar, alguém vem e passa uma
rasteira ou cochicha no ouvido uma dúvida que o coloca a mercê, receoso do que possa acontecer, é
preciso conhecimento para buscar novos caminhos e autonomia para gerir essa
busca...
O povo brasileiro é um dos povos mais servis que conheço. Um povo feliz,
um povo receptivo, um povo que gosta de festa, mas também muito mal acostumado.
Reclama das coisas que os outros fazem, mas não auto avalia a legitimidade e as
consequências das coisas que está
fazendo. Por exemplo, é inadmissível que uma população se indigne por ter
ficado em oitavo lugar numa copa do mundo e fique calado quando a educação
fique no octogésimo lugar no ranking mundial. É inadmissível que uma população
aceite que seja investido de 6 a 10 milhões de reais, por cidades, de recursos
públicos em enredos de escola de samba e fique calado quando não são investidos
nem dez por cento disso em construção de bibliotecas. É inadmissível que um
povo esqueça a corrupção que assola um país e reeleja os mesmos corruptos em eleições após eleições...
Só educação e conhecimento é capaz de mudar esse quadro. Para o Brasil
se tornar um país digno para as futuras gerações, há que se investir muito em
educação.
Os manifestos no Brasil estão tendo algum resultado positivo?
Resultados positivos sempre existem, mas são pontuais, resolvem, em
termos, determinados problemas, mas se criam outros. É tudo muito breve, as
pessoas protestam, falam, brigam e se dispersam, poucos dias depois tudo está
igual novamente. Uma outra dificuldade é
o assumir responsabilidades, muito se fala, muito se briga, mas na hora de
assumir as responsabilidades e dar a cara a tapa para resolver problemas, somem
todos. Não há uma contextualização geral e as coisas terminam em resolver o
“meu problema”. Resolveu o meu problema o outro que corra atrás dos problemas
dele. O conceito de sociedade não é
assimilado. Isso tudo sem falar das ações de vândalos que põem à prova a
legitimidade dos protestos. Mas sem dúvida que é melhor isso, do que o alheiamento
total.
É verdade que se considera um homem austero?
Não sei se austeridade é o melhor adjetivo, mas é o que mais se aproxima...
rs. Eu tenho 40 anos e, ainda hoje, quando chego na casa e meu pai ou se
encontro ele na rua, em público, a primeira coisa que digo é “ a sua benção meu
pai”, isso toda vez que eu o encontro e
toda vez que me despeço e todos meus irmãos são assim.
Tivemos uma vida simples, mas uma educação rígida. Em casa, quando dois adultos
estavam conversando, não era permitido crianças interferirem na conversa; se a
mesa estava posta, primeiro as visitas, depois meus pais e só depois eram as
crianças; se tirássemos notas ruins na escola, o problema era resolvido com a
gente, os pais não iam na escola reclamar com professor; se fôssemos advertidos
por professores, em casa a coisa complicava; se respondêssemos mal uma pessoa
mais velha, éramos castigados; se estivéssemos em um ônibus sentados e entrasse
uma pessoa mais velha, ou gestante, ou ainda com qualquer deficiência, não
tinha essa de esperar para levantar e dar o lugar; se chegássemos em casa com
algo de alguém, eram mil explicações, tinha que dizer de onde veio, como veio e
porque veio; o pai não chamava atenção duas ou três vezes, era uma só e, em
alguns casos, só olhar já dizia tudo... nunca brigamos entre irmãos ou
agredimos fisicamente qualquer outra pessoa, sabíamos os limites, sabíamos o
quão importante era o trabalho, sabíamos que os nãos nem sempre eram negações,
mas necessidades... Crescemos assim e tornamos adultos seguindo essas regras...
Eu repasso esses valores para os meus filhos, educo-os para que a
polícia ou o mundo não os puna depois, para que saibam distinguir o que é certo
do errado. Os “nãos”, quando necessários, estão sempre presentes. Isso não
significa que sou um “ogro”, quem não amo meus filhos, pelo contrário! Quando
estamos nos divertindo juntos, não se distingue quem é mais criança se eu ou eles,
quando estamos com os cadernos de escola, o diálogo sempre flui, se estou
deitado no sofá assistindo televisão, meus filhos pré-adolescentes, se aninham
em meus braços buscando espaço para dividir o sofá... eles não possuem pudor
nenhum de dizer “eu te amo pai” ou de me pedir a benção, seja qual lugar for,
ou ainda de me pedir coisas... dialogam comigo. Quando querem algo eles não
chegam dizendo: “pai eu quero isso”, sempre me dizem: “ pai estou precisando
disso, será que nesse mês vai sobrar dinheiro para comprar?”. Aprenderam o
valor que as coisas possuem e sabem que em tudo, existem limites...
Apesar de parecer austeridade, isso para mim, é educar para o mundo, é
protegê-los. Eu sei que meus filhos logo caminharão sozinhos, se eu não ensinar
isso, quem vai ensinar?
Tem quantos filhos? Algum tem o talento do pai pra escrever?
Eu tenho sete
filhos, 6 meninos e uma menina, nessa ordem cronológica são eles: Pablo,
Hellen, Leon, Vinícius, Ramon, Pierre e Isaac. O mais velho tem 16 anos e o
mais novo tem 2 anos. Quando o Isaac, o
caçulinha estiver maior, pretendo adotar mais duas ou três crianças... rs. Com
relação aos gosto pela leitura, todos têm, principalmente a Hellen. O Pablo
quando mais novo, gostava de contar histórias e aos 9 anos escreveu seu
primeiro e único poema:
Minha
rapunzel
Minha
rapunzel tem as tranças
que
nem chegam ao primeiro andar
alguém
conhece uma fada ou feiticeira
que
faz tranças do olhar?
Começou e parou por aí... preferiu o skate, os videogames. Quem sabe
quando conhecer a dor adocicada dos amores, a inspiração volte...rs. Leon de
vez em quando me aparece com algum escrito, mas ele guarda todos, herdou a
vocação de colecionar rascunhos...rs.
É muito severo na educação deles?
Eu tenho 40 anos e, ainda hoje, quando chego na casa de meu pai ou se
encontro ele na rua, em público, seja qual for o lugar, a primeira coisa que
digo é “ a sua benção meu pai”, isso toda vez que eu o encontro e toda vez que me despeço e todos meus irmãos
agem da mesma forma.
Tivemos uma vida simples, mas uma educação rígida. Em casa, quando dois adultos
estavam conversando, não era permitido crianças interferirem na conversa; se a
mesa estava posta, primeiro as visitas, depois meus pais e só depois eram as
crianças; se tirássemos notas ruins na escola, o problema era resolvido com a
gente, meus pais não iam na escola reclamar com professor, pelo contrário, iam
sempre para saber se estávamos nos comportando; se fôssemos advertidos por
professores, em casa a coisa complicava; se respondêssemos mal uma pessoa mais
velha, éramos castigados; se estivéssemos em um ônibus sentados e entrasse uma
pessoa mais velha, ou gestante, ou ainda doentes, deficientes... não tinha essa
de esperar para levantar e dar o lugar; se chegássemos em casa com algo de
alguém, eram mil explicações, tinha que dizer de onde veio, como veio e porque
veio; o pai não chamava atenção duas ou três vezes, era uma só e, em alguns
casos, só olhar já dizia tudo... nunca brigamos entre irmãos ou agredimos
fisicamente qualquer outra pessoa, sabíamos os limites, sabíamos o quão
importante era o trabalho, sabíamos que os nãos nem sempre eram negações, mas
necessidades... Crescemos assim e tornamos adultos seguindo essas regras...
Eu repasso e cobro esses valores e atitudes de meus filhos, educo-os
para que a polícia ou o mundo não os puna depois, para que saibam distinguir o
que é certo do errado. Os “nãos”, quando necessários, estão sempre presentes.
Isso não significa que sou um “ogro”, quem não amo meus filhos, pelo contrário!
Quando estamos nos divertindo juntos, não se distingue quem é mais criança, se
eu ou eles, quando estamos com os cadernos de escola, o diálogo sempre flui, se
estou deitado no sofá assistindo televisão, meus filhos pré-adolescentes, se
aninham em meus braços buscando espaço para dividir o sofá, eles não possuem
pudor nenhum de dizer “eu te amo pai” ou de me pedir a benção, seja qual lugar
for, ou ainda de me pedir coisas... dialogam comigo. Quando querem algo eles
não chegam dizendo: “pai eu quero isso”, sempre me dizem: “ pai estou
precisando disso, será que nesse mês vai sobrar dinheiro para comprar?”.
Aprenderam o valor que as coisas possuem e sabem que em tudo, existem
limites... Alguém pode dizer: os tempos
mudaram, não pode educar seus filhos da mesma forma que foi educado!”. Mas
eu insisto: Moralidade, respeito e ética, não sofrem e nunca sofrerão ação do
tempo!
Apesar de parecer severidade, isso para mim, é educar para o mundo, é
protegê-los. Eu sei que meus filhos logo caminharão sozinhos e se eu não
ensinar isso, quem vai ensinar? Eles sempre saberão que sou o pai e que os
protegerei, não importando qual o tempo ou situação. Eu sei que são meus filhos
e é minha obrigação de pai e homem, honrá-los e ser exemplo e acompanhá-los por
toda minha vida.
Geralmente sonhamos os sonhos dos nossos filhos. Você é assim ou não?
Definitivamente não! Não tenho ideia do que farão do futuro deles. Eu
educo, cuido, ensino a trabalhar, as crianças todas tem suas obrigações, cada
um cuida de seu quarto, cada um limpa os seus sapatos, cada um cuida de seu
material de escola, todos tem que ir a igreja e todos são responsáveis para
cuidarem de todos, mas definir o que serão, isso não... Apesar do tempo não dar
trégua, tudo tem o seu momento. Eu nunca coloquei um filho na educação infantil,
na pré-escola enviei porque é obrigatório por lei...rs. Criança tem que ter o
tempo de ser criança, de brincar, de extravasar, de conhecer a realidade de
mundo. Não deixo ninguém grudado no computador, cada um tem seu horário por dia
e pronto, o restante do tempo é jogar bola, correr na praça, é se sujar de
terra, conhecer como funciona o derredor e descobrir por conta própria e de
forma subliminar os gostos e desgostos da vida... nos finais de semana vão para
o sítio e se divertem com cavalos,
vacas, porcos, galinhas, poeira, rios, peixes
e papagaios...
Agora sonhar os sonhos deles não, confesso que isso seria muito mais
fácil, mais seguro, mas os pais não são eternos e é ordem natural da vida, os filhos enterrarem os
pais. Se eu sonhar ou viver os sonhos deles, quando eu não estiver mais,
estarão todos desprotegidos e com os pés ainda virgens de caminhos.
Terminamos por aqui. Arigatou Daufen Bach.
obs: Se houver erros peço o favor de corrigi-los professor. rs